domingo, 28 de julho de 2013

E se

Um dia eu acordei com um caroço no peito, que doía.
Quando finalmente procurei um médico descobri que esse caroço era um câncer.
Faria alguns meses de quimioterapia pra diminuir o caroço, tiraria o peito e ficaria tudo bem.
Mas não ficou.
Pouco antes da cirurgia descobri que o caroço se espalhou. O câncer se espalhou pro meu figado, pro outro peito e ossos.
Todos aqueles meses de quimioterapia foram a  toa.
Fiquei 40 dias internada sem poder me mexer devido as lesões da metástase óssea, passei 6 meses numa cadeira de rodas sem andar.
Hoje, quase 2 anos após o diagnóstico, estou aqui, com os 2 peitos, sem operar, com um nódulo no fígado que incomoda de vez em quando, uma lesão na coluna se curando, voltando a andar aos poucos e sem saber o que esperar.
Minha fé e esperança são as mais fortes possíveis.
Mas nem tudo é só fé e esperança.
Sempre me pergunto "e se..."
E se tivesse tirado logo o peito... tudo bem que a médica disse que não faria diferença, mas será mesmo?
E se tivesse tido uma vida "menos sofrida" será que o câncer teria aparecido?
E se, e se...
To desde o inicio do ano num novo tratamento, meu cabelo ta grande novamente, meus seios pouco deformados em relação a antes, não fosse os efeitos da quimio e as sequelas da lesão eu nem lembraria que to com câncer.
Mas fica a pergunta: E se...
E se a quimioterapia não funcionar?
E se não tiver mais jeito?
E se os médicos tiverem errado e agora for tarde demais?
E se tiver algum outro jeito por ai pra me curar e eu não sei onde?

Manuzinha tá com medo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Andar dói

As consequências de andar estão começando a aparecer.
Uma tendinite no punho direito (que me fez enfaixar a mão por 1 semana)


E joelho que dói muito.
Você não faz ideia do quanto seu fêmur pesa até o dia em que seu joelho simplesmente não funciona.
Por vezes eu tenho que carregar a perna com os braços porque não tenho força no joelho (além de doer muito o esforço) pra conseguir mudar de posição sentada ou coisa assim.
A fisioterapia tá ajudando a lidar com essa dor e os esforços pra sair de vez da cadeira de rodas continuam.


No último dia 10 fiz mais uma quimio e consulta.
Tomei também o Aredia, pros ossos.
O tempo esfriou bastante por aqui, acrescente a isso os efeitos do Aredia... bom... não fiquei nada bem.
Muito enjoo, dor do quadril pra baixo, cansaço, mal estar... uma coisa horrorosa. Só acontece quando tomo o Aredia.
Fiquei 5ª, 6ª e sábado praticamente sem sair da cama, dormindo direto.
Domingo milagrosamente acordei bem (como sempre).
Tem sido difícil. Tá ficando pesada a carga psicológica.
Mas tenho muita gente na torcida me dando forças, meu filho e mãe que são a razão de continuar lutando e esperança de que ainda vou tirar aquela fotinho com a placa de "eu venci o câncer".

Pela 2ª vez no meu tratamento estou trocando de oncologista (a primeira troca foi opção minha - quando troquei da dra. Lilian pro dr. Prata).

Por motivos internos, sei lá quais, o dr. Prata não clinicará mais na CORB.



Bom, vamos ver o que o novo médico dirá/fará.

Passei a última semana em especial muito mal. Cheguei a deprimir sim.
Perguntando ao dr. Prata se tomaria Tamoxifeno ele respondeu: "se conseguirmos estabilizar o câncer sim, você tomará". Esse "se" foi um balde de gelo. Começaram a vir coisas na minha cabeça do tipo: "ele disse que você não vai tirar os peitos não porque o câncer regrediu, mas porque seu tratamento é só paleativo".
Bom, ele e a dra Lilian (que mesmo não sendo minha oncologista sempre se dispôs a me atender super bem, e me atendeu durante a internação) sempre falaram que eu não morreria, que ainda haviam esperanças e bla bla bla.
Mas depois de 2 anos de tratamento, centenas de picadas, muita dor, enjoo, estres, minha vida toda parada em função do câncer... tem horas que a gente pensa: será mesmo?
Nessas horas a palavra "sobrevida" e as porcentagens que lemos nos rótulos e estudos sobre câncer de mama pesam mais.
Sei que já passei por muito.
Nessas horas lembro do que passei com a fratura na coluna, lembro de todo o mal estar das primeiras quimios, de todo o medo que já passei... penso: vim até aqui, o que mais posso fazer além de seguir?
Não tá sendo fácil.
Imagens de guerreiras que já se foram como a Mítia e a Lílian não saem da minha cabeça. Penso: será que é isso? Vou lutar bravamente como elas lutaram pra no final morrer?
Acho que to na fase mais difícil do tratamento.
Me sentindo muito sozinha (sei que tenho muitos amigos, mas me sinto sozinha), desamparada (apesar de ja ter recebido e receber tanta ajuda).
Tenho que ser mais forte que nunca. Mas é difícil viu.
Um dia de cada vez.

Ah a notícia boa: a dieta meio que deu certo: cheguei a 76 kg

A notícia ruim: engordei 2 kg na semana anterior ao meu aniversário... na última pesagem eu tava com 78...


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